terça-feira, 11 de novembro de 2014

Um encontro fictício com uma senhora de 102 anos.



Ela fez um sinal para que eu parasse o carro.
- Bom dia! Um sorriso largo estampa seu rosto.
- Bom dia. Um sono absurdo estampa o meu.
- Você poderia me dar uma carona até a rodoviária?
- A senhora vai até a rodoviária sozinha? Perguntei, preocupada por ser uma pessoa tão idosa.
- Sim! Fitou-me, como quem lê meus pensamentos.
- Tudo bem, para onde a senhora vai?
- Vou ao cemitério arrumar o túmulo do meu falecido marido.
- Ah é? Mas é a senhora quem faz isso? Não tem filhos, netos, parentes?
- Tenho três filhos e cinco netos. Mas é que eu gosto de cuidar do túmulo do meu marido pessoalmente.
- Olha, não quero ser desagradável, mas estou preocupada com o fato da senhora sair sozinha. Poderia, ao menos, me dar o número do seu celular e o número do celular de alguém da sua família. Preciso me certificar de que estou fazendo a coisa certa, antes de colocar a senhora numa fria.
- Tudo bem. Eu entendo. Aqui está o número do meu filho. Pode ligar pra ele do meu celular.
Liguei e confirmei. O nome dela é D. Lúcia, tem 102 anos, é teimosa, vaidosa, determinada e independente. Sempre cuidou do marido e o marido sempre cuidou dela. Eram inseparáveis. Agora ela cuida do túmulo dele e se cuida.
Pedi desculpas, mais uma vez, pela curiosidade, mas é que ela estava com as unhas pintadas, o cabelo bem arrumado, a roupa impecável, com sapato, bolsa e acessórios combinados.  Não me contive e perguntei o motivo de tanto capricho.
- Vou te explicar. Quando o meu marido ainda estava vivo, ele cuidava de mim e eu cuidava dele. Éramos amigos. Ele gostava muito de me ver arrumada. Agora eu ando sempre arrumada. Assim, no dia em que eu for ao encontro dele, estarei impecável como ele gostava de me ver.
Deu uma risada e disse: Você acredita que eu nem era vaidosa antes de conhecer o meu marido? Verdade! Ele vivia comprando coisas, maquiagens, roupas e me tratava como uma rainha. Para expressar a minha gratidão, eu me arrumada para ele. Foi assim que me tornei tão vaidosa.
- Que lindo! Fiquei emocionada.
Ela perguntou se eu queria ouvir mais e eu respondi que sim.
- Eu sou do interior de São Paulo, de uma cidade bem pequena chamada Palestina. Fica pertinho de São José do Rio Preto. Minha cidade deve ter, no máximo, 11 mil habitantes. É bem pequena mesmo. Lá, todo mundo se conhece. Meu marido era meu vizinho. Nós brincávamos juntos quando crianças, estudamos juntos, fomos à luta para conseguir emprego, nos casamos e nos mudamos para Brasília, assim que o Presidente Juscelino Kubitschek anunciou a construção da capital. Viemos para cá com o sonho de ficarmos ricos, mas não ficamos. Meu marido trabalhou na Novacap, o órgão responsável pela urbanização de Brasília, e eu virei professora do primário. Demos muito duro por aqui e com a chegada dos filhos, tivemos que lutar muito para nos manter. Mas sabe o que foi importante nisso tudo? Meu marido e eu nunca desistimos um do outro, mesmo nos piores momentos. Eu fico triste de ver que, hoje em dia, os casais se separam por qualquer motivo. Nossa vida não foi só flores. É impossível que duas pessoas, completamente diferentes, dividam o mesmo espaço e não se desentendam. Sempre haverá desentendimentos. Mas tem que haver tolerância, compreensão e respeito, senão não dá certo. Eu tenho um filho que se separou recentemente. Meus netos ficaram com a minha nora. Ele diz que assim é melhor, mas eu não sei até onde isso pode ser verdade. Ele sai com amigos, bebe muito, volta tarde e no dia seguinte está com o olhar triste. Contei a ele um episódio em que eu fiquei tão furiosa com o meu marido, por ele ter se atrasado para um compromisso que considerava importante, que peguei uma camisa que ele gostava muito e rasguei. Ele ficou furioso comigo. Ficamos meses sem trocar uma só palavra. Mas nunca passou pelas nossas cabeças uma separação. Eu não conseguiria vislumbrar uma vida sem ele. Acho que ele pensava da mesma forma. Agora que ele se foi, eu cuido do que restou. O túmulo e eu.
Fiquei estarrecida com a última afirmação e perguntei qual era a idade dela quando ele se foi, já que ela me parece uma mulher cheia de vida.
- Eu tinha 65 anos e ele 68 anos.
- A senhora nunca pensou em ter outro companheiro?
Ela riu alto. – Não!
- Por que?
- A pergunta certa é ‘para que’?
Dei risada.
- Minha filha, eu tinha 65 anos na época. Achava que nunca passaria dos 70 anos. Quase morri quando ele se foi. Fiquei muito triste por muito tempo. Mas um dia eu tive um sonho. Ele apareceu pra mim e perguntou por que eu estava tão descuidada e disse que não gostava de me ver assim. No dia seguinte, fui ao salão de beleza, arrumei o cabelo e as unhas, depois tomei um banho de loja. Na época, tinha uma loja aqui em Brasília chamada Mesbla e outra chamada Sears. Fui nas duas. Comprei um monte de roupas novas. Você chegou a conhecer estas lojas do Conjunto Nacional ou não é do seu tempo?
Respondi que sim. Ela me pareceu aliviada por não estar citando nomes estranhos.
- Desde então, resolvi me cuidar para ele e cuidar do túmulo dele. É o meu jeito de mantê-lo pertinho de mim. Meus filhos ficam preocupados comigo, mas eu prefiro ir sozinha e não incomodar ninguém com as minhas coisas.
Chegamos à rodoviária. Ela agradeceu e perguntou se eu aceitaria tomar um café, num outro dia qualquer. Eu respondi que seria um prazer. Ela se foi, a passos lentos, arrumando a saia, segurando a bolsa elegantemente e deixou para mim uma lição de vida. Ou várias. Mas vou deixar estas lições ao seu critério e ao seu modo de interpretar este encontro fictício com a minha nova amiga de 102 anos.


terça-feira, 22 de julho de 2014

SIONISMO E “CALIFADO”: Semelhanças em seus aspectos e modos de atuação:
 Por: Embaixador Dr. Ghassan Nseir
         Chefe da Missão da Embaixada da República Árabe da Síria

Sionismo:
-  Usou o judaísmo e seus devotos como meio de alcançar seus objetivos políticos e econômicos, que contrariam a justiça e os valores mundialmente reconhecidos. Ele plantou nas mentes dos humanos sua própria interpretação da religião para que esta ocupe o lugar da justiça e do direito concebidos conforme um entendimento mundial.
- O sionismo recorreu a organizações terroristas, tais como a Stern, Haganah, Irgun, Palmach e Leahy para executar seus planos. Estas organizações mataram, massacraram, afugentaram e expulsaram um povo de uma terra que carrega o mesmo nome.
- O sionismo se apoiou em países colonialistas para alcançar seus objetivos.
- O sionismo fez uso de meios modernos de comunicação, colocando-os a seu serviço. Desta forma, ele foi introduzido nos métodos de ensino do mundo todo, nos meios de comunicação, nos bancos e nos centros de decisão política e econômica mundial, destruindo os valores comuns da humanidade e, no lugar deles, construindo novos entendimentos sociais e morais e utilizando-se, para tanto, da militância das organizações não governamentais e das instituições sociais e civis, dentre outras.
- O sionismo golpeou os cristãos, atraiu alguns deles, criou igrejas com nomes variados para servirem aos seus interesses, sendo que estas igrejas não tem nenhuma relação com a verdadeira compreensão da sagrada e agregadora igreja cristã.
- o sionismo alega que está atendendo aos mandamentos de Deus e interpreta estes mandamentos como lhe convém, fazendo com que “Ele” dê as terras a quem bem entender e tire-as de quem bem entender.

“Califado”:
- O “Califado” esticou a religião islâmica e a interpretou ao seu bel prazer e de acordo com os seus interesses. Ele inseriu na mente das pessoas, através de  sua interpretação dos versos do Alcorão Sagrado e dos ensinamentos, que tem o direito à terra e às pessoas.
- O “Califado” se utilizou do terrorismo, das matanças e da destruição através dos grupos terroristas: Al Qaeda, Jabhat Al Nusra, ISIS (Estado Islâmico para o Iraque e a Síria) e Taleban, que utilizam nomes de lideranças históricas do islamismo.
- O “Califado” não aceita a opinião do próximo e sequer aceita o próximo.
- O “Califado” ocupa as terras e controla as pessoas à força, mata e degola com espadas, impõem o dízimo e as oferendas, legitima o ilícito em nome de uma religião da qual se diz seguidor.
- O “Califado” entra na mente das pessoas através de seus métodos de discursos fervorosos e de suas promessas de um paraíso repleto de recompensas que satisfazem os instintos.
- Por trás das hordas de terroristas takfiristas está o movimento wahabista extremista, que inicialmente foi criado pela Grã Bretanha em Najd e Hijaz, na Arábia Saudita, para controlar os campos de petróleo.
- O “Califado” (ISIS, Al Qaeda, Jabhat Al Nusra, etc.) são grupos que impõem sua opinião e seus meios, absolutamente distantes da humanidade e da compreensão dos direitos humanos, através das matanças, das crucificações e da destruição de todas as formas de civilização e urbanismo.
- Estes movimentos encontram apoio nos países imperialistas com o objetivo de dominar as capacidades dos povos.
- Os países imperialistas (a nova colonização) relacionam-se conforme política de dois pesos e duas medidas e, infelizmente, a questão dos direitos humanos na Arábia Saudita não interessa a eles, desde que este país sirva aos seus interesses. Estes países combatem os terroristas em Mali e os apoiam na Síria e no Iraque. Enquanto os direitos humanos são usados como pretexto para matar o ser humano e roubar o seu direito à soberania e a escolher o seu governo nos países que rejeitam a submissão às exigências dos imperialistas.
            Portanto, o Sionismo e o “Califado” são duas pontas de uma mesma lança, semelhantes em seu entendimento, objetivos e até mesmo em seus métodos, com algumas modificações relativas ao ambiente no qual cada um dos dois atua.


·         Wahabismo: Vertente radical do Islamismo, seguida pela Arábia Saudita.

·         Takfirismo: Corrente wahabista que prevê que todo não muçulmano e todo muçulmano na wahabista é infiel e deve se arrepender ou morrer.

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

LAURA, MINHA LAURA

Talvez a correria do dia a dia não me permita dizer o quanto eu a amo, mas amo com todas as minhas forças. Não somente porque é minha filha, mas porque a admiro e respeito. Muito muito mesmo.
Ela é a minha referência quando se trata dos assuntos da alma. Sempre ligada ao ser e não ao ter, Laura é uma daquelas pessoas raras, que cultiva dentro de si os valores mais elevados da alma humana.
Quando pequenina, via fadas e conversava com elas. Chegou a me expulsar do quarto por ter assustado uma fada que veio lhe dar um beijinho de boa noite. Meu beijinho acabou ficando em segundo plano. Fazer o que? Fadas tem preferência!
Também adorava corujas e ficava fascinada ao vê-las no muro de casa. Contava todos os dias: “uma coluza, tlês coluzas, nove, dez”. Traduzindo: Viu um monte de corujas. E ria muito! Ria feliz!
O que dizer então dos bichos abandonados na rua. Ela queria levar todos para casa e cuidar deles. Por conta desse impulso, gastei fortunas tratando bichinhos machucados e famintos. Sem falar naqueles que acabaram se mudando de mala e cuia pra nossa casa. Já quebramos recordes em número de gatos. E de pintinhos e codornas.
Ela é assim! Dá valor às pequenas coisas, aos pequenos gestos, aos momentos, às situações. Laura não é ligada à modismos, consumo, imagem e nem se importa muito com as opiniões alheias. Aliás, taí uma característica forte na mocinha. Ela tem opiniões próprias e bem sólidas sobre muita coisa e costuma ser a líder da turma, impondo respeito pelo que é. E ainda tem uma legião de fãs, fiéis e seguidores. Quando falta à aula, a turminha de amigos de sente abandonada e desprotegida. Por que será?
Já levei muitas broncas dessa mocinha. Tantas que já nem sei. Por ser muito rígida em termos de valores e princípios, ela não admite deslizes, mesmo que pequenos. Se eu fizer uma piada de mal gosto, logo ouço a famosa palavrinha: “Mãe!!!!”. Isso significa em Laurês: “Você não pode dizer esse tipo de coisa” ou “Retire o que você disse” ou “Isso é coisa que se diga na frente da sua filha?”.
Laura é vivaz, risonha, alegre, firme, positiva, sonhadora, empreendedora, exemplar, transparente, sedutora, esperta, dorminhoca, preguiçosa, desligada e ligada ao mesmo tempo, perseverante e teimosa. Ela é um pouco de tudo. Ela é um universo!
Laura é charmosa e estilosa! Está sempre inventando moda e sendo copiada. No maternal, usava o cabelo cheio de pequenos coques (molinhas, segundo ela), saia xadrez e botas. Todas as menininhas passaram a copia-la. Na escola, mostrou seu talento para desenho e para contar estórias. E era seguida por uma legião de amigos. Depois veio a mania por mangás (aqueles quadrinhos japoneses..hehehe) e mais uma vez criou uma legião de seguidores.
Agora virou Otaku, só anda com orelhas de gato e um penteado que só ela sabe como se faz. E para piorar, resolveu aprender a falar japonês. Sozinha! Bom, a gente só consegue entender o que ela diz quando ela disponibiliza a legenda. Quando não está a fim, somos xingados sem entender.
Ela é surpreendente, desde a concepção! É verdade! Ela não estava nos meus planos! Quando percebi, já havia um ser crescendo dentro de mim. Foi a mais linda das surpresas! A mais gratificante e a cada dia que passa agradeço à Deus pelo presente maravilhoso que me foi reservado.
Laura é esta dádiva! Um presente dos céus! A minha paz e o meu amor incondicional!

Amo você por tudo e em todos os momentos!

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Tudo junto e misturado!

Não sei se abordo um único assunto ou se falo sobre um monte de coisas que me vem à cabeça.
Hoje li uma matéria sobre o aumento dos roubos a casas em Brasília. Que novidade! Brasília já deixou de ser aquela cidade linda e tranquila faz tempo! Fora os roubos a casas, há os assaltos em sinais de trânsito, em estacionamentos, na rua e em qualquer lugar onde a gente dê bobeira. Fora os sequestros relâmpago, assassinatos por motivos banais, estupros e brigas no trânsito. É tanta violência que eu cansei até de enumerar! E ainda tem gente que acha que bandido tem conserto.
Me perdoem a minha intolerância, mas acho que a punição severa é o único caminho para conter a violência no Brasil. À partir do momento em que o criminoso for tratado como criminoso e ser punido adequadamente pelo crime que cometeu, os bandidos vão pensar duas vezes antes de cometer um crime. Já pensou se esses criminosos fossem usados para construir estradas, estádios, parques e afins? Já pensaram que a redução de pena deveria ser por merecimento em troca de trabalhos prestados à sociedade? Por que os bandidos tem que ficar enfurnados dentro das cadeias dormindo, falando ao celular e tramando o próximo crime? Coloquem eles pra trabalhar e pra compensar o tal de auxílio reclusão que é pago à família do meliante. Quero ver, se depois de adotar medidas como estas, se vai ter tanta gente assim se dispondo a entrar para a vida do crime!
Sim, estou mal humorada!
Deve ser minha alergia ao meu aniversário! Descobri que tenho alergia a ficar mais velha. Que saco isso! Não sei quem foi o fdp que disse que o auge da vida é a maturidade. Seja quem for, é um babaca! Não sei qual é a vantagem de ficar mais velho. Fora o tronco que vai ficando mais grosso e a cintura que toma proporções de um kibe, ainda tem o efeito retardado daquelas pancadas que a gente levou na juventude e que agora resolveram dar o troco, como o meu joelho que fica latejando toda vez que esfria. PQP! Esse foi o resultado de andar de skate na Jordânia, de levar tombos de bicicleta em Uruguaiana, de um acidente de mobilete em Brasília e de inúmeras pancadas na mesa do escritório, quando o chefe chama e eu estou pendurada no Facebook! Culpa é uma merda!
Sem falar que estou indignada com o FHC que não para de falar besteiras, de estar revoltada com rumos das obras da copa do mundo, de estar revoltada com as freiras do Colégio Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Odeio freiras! Aquelas mulheres tem o coração gelado e não se comovem com nada! Nada mesmo! A minha teoria para as mulheres que resolvem virar freiras é que elas não tiveram nenhuma outra opção na vida, porque ninguém as quis, porque são rancorosas e porque precisam de um disfarce pra esconder tanta maldade e tanta hipocrisia. Não tem outra explicação!
Falando em maldade e hipocrisia, li na página do Lattuf um comentário interessante. Ele perguntou por que os países ocidentais tem toda a contabilidade das armas que o exército da Síria possui e recebe da Russia e do Irã, mas em compensação ninguém sabe qual é o poderio dos chamados "rebeldes", que recebem armamento de alguns países da União Européia e dos Estados Unidos da América? Bem pertinente a pergunta! Complementando o comentário, hoje eu estava assistindo a Globo News e achei bem interessante a forma como a apresentadora do jornal relatou a repressão às manifestações na Turquia (queridinha do ocidente), dizendo que o governo turco pediu desculpas à população pelo "exagero" da polícia turca na repressão às manifestações contra o governo. Logo em seguida, a mesma apresentadora noticia que o exército do "ditador Bashar Al Assad" esmagou os "rebeldes" na cidade de Al Kussair. Mesmo depois de todos os relatos de que estes rebeldes são extremistas da Al Nusra, braço armado da Al Qaeda, e que cometeram assassinatos em massa nesta mesma cidade, a imprensa insiste em chama-los de rebeldes e trata-los como coitadinhos. Podemos chamar de rebeldes os sírios que lutam contra o regime atual e que reivindicam maior participação na vida política do país, mas chamar de rebeldes extremistas que sequer são sírios e que foram "importados" para a Síria para estabelecer o caos no país? Aí já é demais! O pior é que estes extremistas acham que estão lutando contra Israel e nem sabem em que país estão e nem porque. A maioria deles nem fala árabe e são pagos para matar e somente matar. E ainda tem gente que acredita que a luta que se trava na Síria é pela democratização do país. Fala sério!
Está parecendo os judeus querendo fazer o mundo acreditar que a culpa da paralisação do processo de paz é dos palestinos. Eles continuam a colonização dos territórios palestinos, derrubam casas, matam pessoas, queimam plantações, prendem crianças, sabotam as negociações e a culpa é sempre dos palestinos, segundo os judeus e a imprensa mundial. E tem gente que acredita na imprensa!
Eu tive algumas experiências interessantes com alguns jornalistas, principalmente os iniciantes na profissão, que vieram me entrevistar algumas vezes. Uma delas foi uma menina recém formada que não entendia a diferença entre judeu, cristão e muçulmano. Outra que não sabia nada sobre a história da Palestina e outra que achava que os palestinos tinha invadido Israel. Quanto aos jornalistas mais experientes, estes tem uma formação baseada no que já foi definido pelos judeus sionistas como História e falam com propriedade sobre "fatos" históricos que de fatos não tem nada. Um deles chegou a me dizer que a Palestina nunca existiu e que era uma colônia britânica antes de ser "entregue" à Israel. Este com certeza nunca leu a bíblia e nunca se deu ao trabalho de se aprofundar na história da humanidade. Fazer o que?
Ah, cansei! Tô de saco cheio de tanta coisa errada! Vou me recolher à minha insignificância por hoje e me entregar à uma bela dor de dente decorrente de um tratamento de canal que fiz ontem. Isso dói pra cacete!!!

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Passivos

Passividade. Taí uma palavra que me incomoda. Mesmo. Com tantos acontecimentos no mundo, no país, na cidade, no bairro, em casa, vejo pessoas que apenas observam e ignoram os fatos, como se só o seu mundinho importasse. Como se mais nada fosse importante. 
Há pessoas morrendo na Síria, na Palestina, no Mali, em São Paulo, em Brasília, no Guará, em Planaltina, no bairro ao lado do meu condomínio, vítimas de uma violência desenfreada e descabida, mas todos os protestos de restringem a um "post" no Facebook ou a uma expressão vazia de indignação.
Os norte-coreanos ameaçam jogar uma bomba nuclear nos americanos, os americanos ameaçam o Irã, que ameaça Israel, que ameaça os palestinos e as pessoas assistem aos telejornais e soltam um: "Que absurdo!" e pronto. É isso! Só isso!
Bocas de lobo engolem crianças em Planaltina, viciados em crack matam um pai de família a pancadas  no Guará, policiais são assassinados em São Paulo por quadrilhas, taxistas assassinados por bandidos em todo o lugar do Brasil, a polícia atira por engano e mata um universitário em Taguatinga, mulheres e turistas são assaltadas e estupradas dentro de vans no Rio de Janeiro, uma professora é morta no Parque da Cidade por um delinquente em troca de R$ 15,00 e nós só assistimos e dizemos: "Que absurdo!" e deu! 
Nos contentamos em não estacionar o carro num lugar ermo, em não andar em locais perigosos, em não dar bandeira com assessórios e celulares chamativos e pronto. Evitamos enfrentar o problema. Assim é mais fácil. De vez em quando organizamos um protestozinho insignificante aqui e ali, que os políticos assistem da janela de seus gabinetes, dando risadas e fazendo apostas sobre quanto tempo "aqueles desgraçados" vão aguentar debaixo do sol ou da chuva. Eu ouvi, pessoalmente, estes comentários de alguns políticos. 
Quanto ao nosso sentimento universal, este está para lá de abandonado. Quem é que liga para as crianças na Palestina, na Síria, no Mali, na Etiópia, no Burundi ou no Congo? Quem é que se preocupa com os cristãos assassinatos pelos extremistas muçulmanos na Síria ou com os afegãos sitiados entre as forças americanas e os talebãs? Já temos tantos problemas, não é mesmo?
Daí vem a famosa pergunta: "E o que eu posso fazer?". Se você espera que eu diga: "Proteste!", se enganou! Eu digo que cada um deve usar as armas que tem: Voto, solidariedade, trabalho voluntário, doações, conscientização, informação, um tempinho do seu dia e sim, o uso das redes sociais como ferramenta de atuação política e social pelo bem de todos. Uma atitude positiva neste sentido, a cada dia, faria uma diferença enorme ao final de um ano. 
Não dê esmola no semáforo à um bêbado ou um viciado em crack. Não acredite em tudo o que os telejornais falam, compare as notícias com outras fontes. Não compactue com a violência, exija seu direito através do voto e se seu candidato não cumprir o que prometeu, cobre dele ou exija a anulação de seu voto.  Se as crianças estão morrendo em outros países, organize-se com outras pessoas que queiram ajudar e mande doações, remédios, roupas, alimentos e água mineral. Você não imagina a diferença que vai fazer na vida delas. E tente não ser apenas mais um a assistir às atrocidades do mundo de forma passiva.
Afinal, passividade é para quem não tem personalidade.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Vestido de Noiva

Parei ontem para escolher o meu modelo de vestido de noiva. Vi uma infinidade de modelos e me apaixonei por alguns. Muitas rendas, sedas, bordados, pedrarias, tules e materiais belíssimos. Tocaram meu coração mas não a minha alma. De todos os que vi, o único que foi capaz de tocar o meu coração e a minha alma ao mesmo tempo foi um vestido de noiva palestino, branco com bordados vermelhos em ponto cruz, uma faixa de cetim vermelha e um véu branco com crochê nas bordas. Perfeito!

Esse aí mesmo!
Eu sei que não se parece em nada com os vestidos de noiva tradicionais e nem tem todo aquele glamour e impacto causado por um vestido branco esvoaçante. Mas este tem a minha identidade, a minha origem, a minha história e desperta em mim a ternura de tempos em que via a minha mãe se esmerar em bordar, por meses a fio, vestidos para a minha avó, que os usava com muito orgulho nas ocasiões especiais. 
Também fizeram parte da minha infância na Jordânia, nos casamentos, quando as mulheres se orgulhavam de mostrar o bordado maior e mais largo em seus vestidos para provar que eram prendadas e legítimas bordadeiras palestinas. Quanto mais largo é o bordado, mais prendada é a mulher. E quanto mais cores tiver, mais caprichosa ela é. 
Minhas filhas quase enlouqueceram com a minha sugestão de usar um vestido assim. Querem ver a mãe num vestido tradicional de noiva. Nada de invenções! Minha filha Laura disse: "Será que daria para você esquecer a Palestina, pelo menos no dia do seu casamento?". Esquecer a Palestina? Como? A Palestina sou eu! A Palestina está em mim! Em cada um dos meus sentidos. Não há como esquecer a Palestina. Taí um pedido impossível de ser atendido. 
Posso até usar um vestido tradicional, mas ninguém tira a Palestina de mim. Ninguém! Amo a minha origem, o meu sangue, a minha história e a minha identidade. Não abro mão de nada que se refira à Palestina. Esta sou eu!

terça-feira, 26 de março de 2013

Lara, meu anjo, minha filha, minha vida!

Ficaria horas aqui escrevendo sobre os predicados de Lara e Laura. Talvez dias! São tantos que nem sei por onde começar.
Hoje é Aniversário da Lara. Minha garotinha completa 14 anos de idade e de muita emoção. Lara foi meu primeiro presente celestial. Um anjo bom que veio para colorir a minha vida.
Quando nasceu, chamou a atenção de toda a equipe do hospital pela brancura excessiva da pele, pelos olhos verdes arregalados e por uma juba moicana avermelhada no lugar do cabelo. Um espetáculo de bebê. Não tinha cara de joelho e nem o aspecto de um bebê recém nascido. Pelo contrário, nasceu com um olhar esperto, curioso e manhas de um bebê de um mês de idade.
Achei que tamanha esperteza dos primeiros momentos fosse só impressão de uma mãe bobona de primeira viagem. Mas não me enganei nem por um segundo.
Lara cresceu e surpreendeu. Primeiro pela beleza, já que suas feições tomaram proporções angelicais. Cabelos loiríssimos, cacheados nas pontas, olhos verdes brilhantes, pele alva como uma nuvem e uma risada pra lá de gostosa. Encantava a todos, próximos e distantes. Dava shows à parte com seu visual sempre exótico, primeiramente cor de rosa, depois colorido com jeans e por último preto.
De tão linda, as pessoas me pediam para parar e admira-la. Já chegaram a pensar que se tratava uma boneca, quando uma vez ficou parada, pensativa, num shopping. Uma mulher chegou a cutuca-la para ver se era de verdade. Não foi a única vez. Em alguns shows de rock, a mocinha deu seu show particular com seu visual gótico e com sua aura sempre reluzente, juntando pessoas à sua volta para perguntar sobre a cor do cabelo, os acessórios, a pele, a maquiagem, etc.
Lara é surpreendentemente inteligente. Além de ganhar, por duas vezes consecutivas, o prêmio nacional de redação do CGU, sempre foi aluna destaque nas escolas que frequentou. No jardim de infância, mostrou a que veio já que foi autodidata. Aprendeu a ler e escrever sozinha, identificando e juntando letrinhas. Também deixou suas professoras boquiabertas ao cantar uma música inteira do Renato Russo, sua primeira paixão musical, sem gaguejar. Isso antes de completar três anos. Aos quatro anos mostrou-se fera em matemática e desenho e aos cinco já criou os seus quadrinhos com a personagem Elisa, uma gatinha branquinha muito esperta.
Já foi indicada para a Escola Militar pelo destaque nas notas e ganhou uma bolsa de estudos numa renomada escola de Brasília pelo seu desempenho.
Se suas qualidades parassem por aí, já estaria muito bom, mas tem muito mais. Lara é amiga, companheira, leal, sensível, alegre, vívida e por que não dizer pacata. Mesmo sabendo de todos os seus predicados, esta mocinha age de forma simples, amigável, tolerante e sociável. Um docinho! Todos gostam dela, todos querem se aproximar dela, todos querem falar com ela, todos querem ser seus amigos, todos a admiram.
É claro que ela desperta inveja. Sem dúvida! Ela já passou por momentos complicados com isso. Já ouviu desaforos, já ouviu indiretas, já foi vitima de chacotas, enfim, enfrentou tudo o que uma garota como ela enfrentaria. A diferença é que ela sempre tirou de letra. Lara sabe olhar nos olhos das pessoas e identificar sentimentos. E sua tolerância e educação a fazem sobressair de qualquer situação difícil. Isso sem ser arrogante ou petulante. Sempre foi honesta com todos, até com aqueles que não suportam seu brilho.
Ela passou por uma fase cruel, onde a vaidade de menina falou mais alto, sofreu com uma anorexia, pagou o preço da vaidade, enfrentou todas as críticas inerentes ao seu estado, todos os olhares preconceituosos e falatórios maldosos. Mas, surpreendentemente, deu a volta por cima e esta aí mais linda do que nunca e mais saudável impossível.
Lara é uma pessoa obstinada. Sabe o que quer e como quer. Não mede esforços para alcançar seus objetivos e talento não lhe falta. Questionadora, está sempre à frente da sua turma. Nunca se conformou com idéias prontas e sempre acha que tem um jeito de melhorar as coisas. Perfeccionista aos extremos, disciplinada, organizada e mandona, está sempre querendo colocar ordem em tudo o que está à sua volta. Nisso, pessoas comuns como esta que vos escreve, pagam um preço salgadinho para manter um ambiente aceitável para a mocinha.
Uma vez, um cartomante me disse que a Lara seria uma adulta insuportável e incompreendida, dado à sua obstinação. Até concordo em parte, visto que ela não abre mão daquilo que acredita. Mas o que ele não conseguiu ver é que a mocinha é tão esperta que consegue chegar onde quer com o aval de todos. Diria que tem talento para a diplomacia, mas não desejo isso à ela, por experiência própria.
Lembrei do dia em que ela conseguiu convencer sua professora do primeiro ano ao questionar a palavra "biblioteca". Ela perguntou à professora por que não "livroteca" já que é cheia de livros. A professora tentou, em vão, explicar a lógica da origem "biblio" que quer dizer livro em latim. A mocinha então questionou que se a palavra "biblio" foi traduzida para "livro" em português, então nada mais justo do que usar "livroteca" ao invés de biblioteca. Isso com seis anos de idade!
Essa é a minha Lara! A minha linda Lara que eu amo tanto!